domingo, abril 02, 2006



Vestindo a "Camisola Moore"...




A defesa da teoria, num debate interessante... ;)




Curso: Modelos de Ensino a Distância: PEL 2006
Lição: II. Modelos de Ensino a Distância


Autor: Maria de Balsamão Venceslau Fernandes Mendes
Data: Feb 15 2006 4:40:PM
Assunto: Re:Início do debate: "1º round"


Pois é… é graças ao nosso amigo Moore, e à teoria que ele defende, teoria da distância transaccional, que estamos aqui, neste curso, nesta disciplina, a interagir uns com os outros e com a nossa professora. Trocamos opiniões, debatemos ideias e construímos em conjunto aprendizagens e relacionamentos.

Tal, implica que a distância transaccional entre nós seja diminuta, dado que geograficamente estamos separados, mas psicológica e padagogicamente estamos mais juntos, do que provavelmente estaríamos num curso presencial. “Longe dos olhos, perto do coração”, como diria o nosso amigo Azevedo.

Consideramos que o nosso autor… é aquele cuja teoria teve e tem maior importância para o futuro e disseminação da EAD.

Historicamente o EAD significava o ensino por correspondência. Com o desenvolvimento das tecnologias e a eminente entrada na Sociedade da Informação, os conteúdos, começaram a ser distribuídos através da Internet e de intranets. A utilização da Internet, e de ferramentas de comunicação síncronas, assíncronas e multi-síncronas, em combinação, “veio permitir diferenças nos estilos ou capacidades de aprendizagem dos alunos”. [Moore e Kearsley, 1996]. Veio permitir aprender a aprender de maneira colaborativa em rede, que é, quanto a nós e a alguns autores, mais importante do que aprender a aprender sozinho, por conta própria [Azevedo,2002] . Neste quadro o professor deixa de ser um transmissor de conhecimentos, para passar a ser o organizador e coordenador das actividades e aprendizagens dos alunos. No sentido literal da palavra é a força motriz da comunidade, que move e anima os seus alunos, sendo que estes também se animam uns aos outros.

Para nós, a teoria de Moore, é uma teoria actual, que vem ao encontro dos desafios da sociedade actual. “Mais do que um sujeito ‘autônomo’, ‘autodidata’ a sociedade hoje requer um sujeito que saiba construir o aprendizado do grupo de pessoas do qual ele faz parte, quer ensinando, quer mobilizando, respondendo ou perguntando (…)" [Azevedo]

Bom trabalho!

Samy :)




Autor: José Mota
Data: Feb 15 2006 9:23:PM
Assunto: Re:Re:Moore é bom, mas Wedemeyer é de outro campeonato!


Consideramos que o nosso autor… é aquele cuja teoria teve e tem maior importância para o futuro e disseminação da EAD.

Moore é um autor importante e a sua teoria da Distância Transaccional é actual e relevante para o EaD. Mas a afirmação parece-me exagerada. Desde logo porque a sua teoria não é isenta de falhas, e Garrison, um dos autores maiores no EaD actualmente, aponta algumas importantes:

More significantly, however, the exact nature of the interrelationships among structure, dialog and autonomy is not clear. There is confusion around whether structure and dialogue are variables, clusters or dimensions. Unfortunately, Moore has used different terms (i.e., variables, clusters, dimensions) at various times. Understanding transactional distance very much depends upon whether we are discussing a two-by-two matrix, a single continuum, or distinct clusters. This confusion is compounded when we add the concept of autonomy with its definitional problems (psychological or educational autonomy) and its relationship to transactional distance. (destaques meus).

Dizer que uma teoria é confusa, pouco clara ou tem problemas na definição de conceitos nucleares, ou das relações entre esses conceitos, é uma crítica bastante forte.

Depois, porque quando comparado com um gigante como Wedemeyer, Moore parece relativamente pequeno. Para não dizerem que sou eu a puxar a brasa à minha sardinha, deixo aqui algumas das afirmações de Moore relativamente ao Mestre:

Charles Wedemeyer: scholar, author, teacher, administrator, internationalist, philosopher, and creator of the ideas of open education and distance education. For four decades a passionate advocate of applying technology as a tool for opening opportunity and promoting democracy in education, Charles Wedemeyer was an ardent activist for freedom to learn, and for access to education regardless of age, race, gender, nationality, physical disability, income, social class, employment, or place of residence. He was not only an intellectual giant, but also a builder; a man who engineered a new educational system that would give opportunity to those whose only chance to learn was "at the back door". UAU!!!

Mas há mais:

Charles Wedemeyer: The Visionary and Pioneer. This was a man who, in the 1950s and 60s, recognized the wide gap between the published ideals of adult and extension education and the realities of what was delivered-or indeed could be delivered-and first helped us to see how technology might bridge that gap.

Ou ainda:

I [Moore] was fortunate to be associated with him during his years of synthesis-the early 1970s when practice and experiments were examined in an effort to hammer out a theory and a discipline of distance education. "Just break the ground," Wedemeyer said, "others will come behind and do the tidying-up."

E, por fim, citando Walter James referindo-se a Wedemeyer:

Those whom distance education has reached out and touched owe more than they know and far more than they can repay to him.

Destas palavras só se pode tirar uma conclusão: Quando se olha para o património teórico e pedagógico do EaD, emergem figuras importantes como Moore (ou Peters, ou Holmberg, entre outros). Mas acima delas, encarnando a verdadeira alma, o sonho e a vocação do EaD, está indubitavelmente o enorme WEDEMEYER.

Ou, dito em linguagem cibercultural, WEDEMEYER RULEZ :-)))

[] José Mota


Autor: Maria de Balsamão Venceslau Fernandes Mendes
Data: Feb 17 2006 2:51:PM
Assunto: Re:Re:Re:Moore é bom, mas Wedemeyer é de outro campeonato!

Caro Zé:
As minhas desculpas pela resposta tardia, mas na verdade, por motivos alheios à minha vontade, não me foi possível “falar-te” antes.
Li a tua mensagem e não queria deixar de comentar alguns dos pontos de vista que referiste, ainda que de uma forma breve. Na verdade entendo o teu papel de pretenderes sobrepor a figura de Wedemeyer à de Moore e até o tom brincalhão, com que foste fazendo as citações. Qualquer político sentir-se-ia um mero aprendiz, ao pé de ti. (Quem sabe não ande aí outra vocação escondida?) hehehehe :P
Então diz-me uma coisa, quando um filho herda do pai um casal de ovelhas e com elas faz o rebanho, a esperteza foi do pai?
Ai… ai… ai… ai… ai!
Na verdade Wedemeyer foi o pai do EAD, mas Moore pegou na sua teoria (sobre a independência do aluno a distância e a relevância dessa independência no seu sucesso) e na de Peters (de industrialização do ensino a distãncia) e unificou-as, criando uma teoria
nova, que obviamente constitui não só uma súmula das anteriores, mas também melhoramentos.
É evidente que houve um período de adaptação, que terá tido as suas inibições, constrangimentos, incertezas, mas chegou-se a bom porto.
O próprio Moore refere:

Progress in this direction was made in a panel discussion convened by the Independent Study Division and the Educational Technology Division of the National University Continuing Association at the Association's annual meeting in Salt Lake City, Utah on April 16th.. Chaired by Shirley Davies of Purdue University the panel was titled : "Interaction: that perplexing component of distance education". The panel debated such questions as; What level of interaction is essential for effective learning ? What is good interaction? How can we achieve it? What does real time interaction contribute? Is it worth the cost?”
For my contribution I suggested that, as a minimum, distance educators need to agree on the distinctions between three types of interaction, which I labelled learner-content interaction, learner-instructor interaction, and learner-learner interaction.”

Fazendo referência ao que Moore menciona, na sua teoria, o sucesso do EAD, “ depende da criação, por parte da instituição e do instrutor, de oportunidades adequadas para o diálogo entre professor e aluno (…)” “Uma vez que os alunos são actores de importância crucial na transacção do ensino aprendizagem”.

Poderia dar mais justificações, até mais importantes e com mais fundamentação, que apontassem o sucesso educativo implícito na teoria de Moore, no entanto penso que seria repetitiva, uma vez que este post vem após o comentário colocado pela Professora Lina e pela minha colega de equipa Cláudia.

Qualquer um sonha, no entanto… o mais importante não é ter um sonho, mas sim persegui-lo!

:** Samy :)


Autor: José Mota
Data: Feb 17 2006 4:19:PM
Assunto: Re:Re:Re:Re:Moore é bom, mas Wedemeyer é de outro campeonato!

Pois, para deitar abaixo o Moore só mesmo com artimanhas "políticas", ou espertezas jornalísticas do tipo "só-citar-o-que-interessa" :). Como digo noutra mensagem, afinal neste jogo da relevância para os dias de hoje, ele sempre foi o vencedor antecipado :-D

[] José Mota