quarta-feira, janeiro 18, 2006


O que não podemos ignorar em EAD

“ (…) ciclicamente, o campo conceptual do ensino a distância é permeável a discursos de diversa origem que o tornam bastante complexo.”
In Morgado, L., 2003



Um dos aspectos que não podemos ignorar, no ensino a distância, prende-se com a notoriedade que o mesmo ganhou nos últimos anos, constituindo actualmente, segundo alguns autores (Harrison, 1993; Mason, 1998ª; Calder,2000) “um fenómeno de educação global”, (cf. Morgado, 2003). Tal facto tem a ver com e as tendências para “estratégias de convergência e de cooperação global” (Ibidem) de prestigiadas instituições, nomeadamente a European Open University e com a disseminação das novas tecnologias da informação e da comunicação.
Na verdade, as TIC, especialmente as ligadas à Internet modificaram e ampliaram de tal forma o panorama da educação a distância que podemos falar de duas gerações diferentes: antes e depois da Internet.
Antes da Internet o ensino à distância concretizava-se mediado por uma comunicação de um para um (1.ª geração, ensino por correspondência) ou de um para muitos, mediado por meio de comunicação, nomeadamente o rádio e a TV (2.ª geração). A utilização da Internet, possibilita um ensino de integração ampla, em que a comunicação/ ensino a distância, pode ser processada de “um para um”, de “um para muitos”, ou de “muitos para muitos” (comunicação multidireccional).
A separação física entre quem ensina e quem aprende tem sido, na verdade um dos maiores desafios do ensino a distância. Dificuldades essas, colmatadas agora com as interacções que a tecnologia permite, recorrendo também, a ferramentas de apoio, tipo plataformas (comunicação multidireccional). A maior parte da reflexão pedagógico/didáctica em torno deste tipo de ensino, na verdade, desenvolveu-se à volta da problemática da distância, do desenvolvimento de uma pedagogia específica, na busca de um modelo pedagógico específico.
Contudo, ainda há alguma alguma confusão generalizada a nível conceptual, entre o “ensino aberto” e o “ensino a distância”, sendo conotado este último como sendo um ensino aberto, o que não é necessariamente verdade. A existência deste equívoco e da diferença entre os conceitos, tem sido referida por Keegen (Morgado, 2003:8).
Para Gasper, (ibidem: 9) o ensino aberto tem pressupostos diferentes do ensino a distância. Keegen definiu cinco elementos para caracterizar o ensino a distância: a separação do professor e do estudante, a influência de uma organização, o uso de meios tecnológicos para ligar professore/ estudante e transmitir conteúdos, a existência de comunicação bilateral e a ausência de um grupo de aprendizagem.
Na fase actual de mudança de paradigma, penso que o desafio com que a educação a distância se depara é enorme. Falo da dimensão social da aprendizagem. De acordo com leituras que fiz, penso que o momento exige também, um grande investimento em peopleware, isto é, em recursos humanos para a educação a distância, em professores e alunos capazes de aprender e ensinar on-line.